A semana académica de Leiria terminou no passado sábado.
Na 3ª feira, o grupo cabeça de cartaz foram os Da Weasel.
Entraram em palco depois dos Terracota e disseram “Malta, já passa da meia-noite, já estamos no 25 de Abril!!”
E eu fiquei abasurdida. 25 de Abril?! Meia-noite?!
Ah, sim, hoje era 24 de Abril…a revolução!
Mas…os Da Weasel a iniciar um concerto com vivas ao 25 de Abril, como se do ano novo se tratasse em noite de reveillon?
Os Da Weasel, que muitos chamarão de pretos e dirão “vão para a vossa terra!” a dar vivas ao 25 de Abril?
Os Da Weasel, que possivelmente são portugueses de 1ª ou 2ª geração, a dar uma lição aos portugueses de gema?
A banda mostrou e mostra que o 25 de Abril tem que se manter vivo, não é apenas uma revolução acontecida há uns quantos anos e que agora sim, está tudo bem, podemos viver à sombra desse belo dia e das acções desses grandes homens.
Sim, vive-se à sombra do 25 de Abril. Como se não tivessemos que lutar mais, como se a liberdade de expressão fosse um direito adquirido, como se os direitos perpetuados na constituição estivessem assegurados.
Mas não estão, e ninguém parece aperceber-se disso, ou pelo menos, ninguém parece indignar-se por eles não passarem, hoje em dia, de meras palavras bonitas mas vazias de sentido prático.
O apregoado direito à liberdade de expressão esbarra na iliteracia e no conformismo doentio de um povo que de cidadania pouco sabe ou aplica, como convém.
A par do apregoado direito de expressão fala-se hoje em escutas telefónicas em empresas e instituições, que procuram opiniões discordantes de quem detém o poder para posteriores retaliações e para controle dos seus funcionários. “Estamos pior que no tempo da PIDE!”
A par do apregoado direito de expressão manipulam-se massas, através de propaganda que reveste as mais variadas formas e que é utilizada descarada e despudoradamente.
Saúde, educação, justiça… direitos constitucionais para os quais pagamos os nossos impostos e que depois temos que pagar novamente, se deles quisermos/ tivermos que usufruir.
Impostos que soam mais e mais a roubo… uma fase de apertar o cinto que não acaba, porque o país está falido.
Como combater escolas vazias, hospitais e maternidades sem os melhores graus de afluência? Fechando-os! Por não haver verbas? Não… é por uma questão de racionalização, é o que fica bem dizer. Vou tirar-lhe a escola, o hospital, mas é para seu bem… é que se andar mais umas dezenas de Kms, terá acesso a um/a melhor! Isto se não morrer no caminho ou se não perder o seu filho… se isso não acontecer, será muito melhor tratado!
O presidente Bush, também conhecido pelo seu pragmatismo, tinha uma solução semelhante para prevenir incêndios: cortem-se as florestas!
Gente resistente que já de si optou por viver em zonas despidas de alguns serviços e confortos, vê serem-lhe furtados os serviços mínimos.
Crise? Não. Má gestão.
Luxos, favores, empresas públicas geridas como se de agências de emprego para familiares e amigos se tratasse.
A revolução é precisa HOJE!
Este modelo de sociedade está esgotado, não serve… e não é único nem inevitável!
Pensem-se outros!
Sem comentários:
Enviar um comentário