quarta-feira, julho 19, 2006

Onde é que é bom?

Foi em Alvega que tudo começou, mas a dada altura da vida de muitos de nós, Alvega passou a ser a terra a que voltamos apenas ao fim-de-semana, uma vez por mês, uma vez por ano, nas férias… vamos à terra!

As nossas raízes ficam lá (cá?), mas assentamos arraiais noutras paragens.

Estudar, trabalhar, iniciar uma família, e lá estamos nós a colocar lado a lado a terra natal… e a terra adoptiva.

Onde é que é bom (frase que marcou uma geração… esqueçam!)? Para onde foram os alveguenses, onde se fixaram? Porque assim escolheram, ou porque a vida para aí os empurrou, afunilando caminhos?
O que mais gostam no sítio onde estão? Se pudessem optar agora, ficavam por aí, ou mudavam novamente?

Voltar a Alvega? Não sair de Alvega? Quais os factores, da razão e do coração, que levam a optar por uma terra para lançar raízes?
O que orgulha, o que embaraça? Por onde andam os alveguenses? De onde vêm os que adoptaram Alvega para viver, e o que os levou a fazer essa opção?

Alvega, Abrantes, Lisboa, Leiria, Coimbra, Alcochete, Entroncamento, Barquinha, Almada, Porto, Castelo Branco…

Onde é que é bom viver?

1 comentário:

Ana David disse...

O percurso “normal”… Alvega na escola primária, no “colégio” até ao 9º ano; depois, Abrantes, o Liceu, o 12º, e novos voos… Lisboa.

Oito anos de Lisboa, mas sempre com aquele sentimento de quem não pertence, de quem está apenas de passagem.

Lisboa lembra filas, lembra a carreira 58 a abarrotar de pessoas suadas e mal-dispostas (incluindo eu) que lutam por um lugar onde pousar os pés e segurar as mãos… falta espaço vital. Lisboa lembra eventos culturais e espaços agradáveis a que raramente se vai porque se está demasiado embrenhado na lufa-lufa do dia-a-dia.

Lisboa lembra uma multidão de autómatos que passa demasiadas horas do dia em transportes públicos ou próprios, presa, escrava, como se fosse normal que a vida fosse assim. É?

No meio de mais uma viagem da carreira 58, ao fim do dia, por entre os habituais suores, apertos e maus humores, ali na curva onde se deixa as Amoreiras e se desce para Benfica, manifestou-se um novo caminho:

Leiria. Leiria por opção. Leiria, tão naturalmente como se da terra natal se tratasse. Leiria adoptiva mas de direito. O castelo, lindo, suspenso na escuridão durante a noite, emoldurado no escuro.

Cidade capital de distrito, mas com um cheirinho a aldeia, acolhedora, humana, com alma.

Valências diversas disponíveis… Cultura, desporto, espaços públicos, comerciais (falta um bom centro comercial, certas marcas estão apenas disponíveis em Lisboa ou Coimbra), e tempo para usufruir de tudo isso.
Qualidade de vida. Um maior equilíbrio entre as exigências de uma carreira e a disponibilidade para ter uma vida própria. Tempo para estar com os amigos.

Espírito empreendedor. Nesta terra, apetece ir mais além, lutar, inovar, fazer diferente, conhecer mais… aqui, quase não se dá pelo conformismo, há esperança de que as coisas mudem, melhorem, há essa expectativa, há essa experiência, não há a fatalidade do destino que parece haver na terra natal… 1-0 no Leiria-Alvega.

E assim terra natal e terra adoptiva, Alvega e Leiria convivem pacificamente. Geminadas, mais que não seja, no coração.