domingo, novembro 19, 2006

Homenagem aos homens e mulheres da ZÉ...


É uma tarefa sazonal, pela qual muitos têm que passar todos os anos, por época do Outono. Faça chuva ou faça sol, em dias de calor ou frio intenso, é algo por que tem que se passar.

Não porque seja algo lucrativo, muitas vezes se põe em causa se realmente compensa, se vale a pena o esforço e os meios envolvidos.

Mas porque é mesmo assim, porque os frutos crescem nas árvores e têm que ser colhidos, porque existe uma obrigação para com as terras, as árvores e a natureza.
Porque é tradição. Porque se junta toda a gente para ajudar e se canta e se contam histórias lá de trás ou mais recentes. E porque produto nosso, fruto do nosso suor, da nossa produção, é diferente de outro que se traz da prateleira do supermercado… tem outro sabor!

É agradável, principalmente se o tempo ajuda.
E é por isso, pela nostalgia, pelo convívio, pelo esforço levado ao máximo, pelo contacto com a natureza, que já algumas quintas começam a envolver estas actividades no seu leque de ofertas relacionadas com o turismo rural.

Mas não se julgue que é pêra doce!

Levantar cedo, bem cedo, um dia após o outro… não é só um dia, pela piada, ou para ajudar, é desde a primeira à última árvore. Espalhar panos no chão, recolhê-los, estender escadas ao céu, subir, descer, uma árvore e depois outra e outra…transportar pesados sacos, curvar as costas, esticar os braços. Do nascer ao pôr do sol. Espreitando com respeito as nuvens e fazendo um esforço adicional quando o sol toca a linha do horizonte. Vá lá, a ver se acabamos!
Depois, já no quintal ou na eira, lançar ao ar com uma pá para separar o fruto das folhas e da rama. Vá lá, a ver se se consegue levar ao lagar ainda hoje! Está a anoitecer!

Roupas sujas, mãos feridas, galochas, costas doridas…

--- --- ---


Uma oliveira produz cerca de 2 a 3 sacos de azeitona, que depois de moída resulta em perto de 2 litros de azeite.

Actualmente, existe apenas um lagar a laborar em Alvega, o Lagar da Cooperativa. Todos os outros se encontram em ruínas, mercê da indiferença e do desvalor que se atribui à memória e ao passado.

Neste preciso momento, já noite escura, há muitos homens e mulheres em Alvega a levar o seu esforço ao máximo e a fazer cumprir a tradição:

Levar a ‘ZÉTÔNA ao lagar!

Grande parte do azeite produzido em Alvega faz parte da agricultura de subsistência e destina-se a consumo próprio; o restante é absorvido maioritariamente pela empresa que detém os Azeites Gallo, sediada em Abrantes

1 comentário:

Anónimo disse...

Dou graças a estas pessoas que transformam o seu trabalho em pura materia prima, para regozijo dos manjares alheios